Cibersegurança
Manuel Estévez GRC Manager

Cibersegurança: porque é que lhe chamam incidente quando (não) querem dizer crise?

Na era digital, a segurança da informação tornou-se um pilar fundamental para o funcionamento efetivo das organizações públicas e privadas. Num mundo interligado e altamente dependente da tecnologia, os dados tornaram-se um dos ativos mais valiosos, o que aumentou a importância da sua proteção contra potenciais ameaças. Tanto para as entidades públicas como para as empresas, a integridade, a confidencialidade e a disponibilidade da informação são aspetos críticos que, em muitos casos, podem determinar o seu sucesso ou fracasso.

As organizações lidam com uma grande quantidade de dados sensíveis, que vão desde informações financeiras e pessoais de clientes e cidadãos até segredos comerciais e estratégicos. Garantir a segurança destes dados é, por conseguinte, essencial para preservar a confiança do público, cumprir os regulamentos legais e manter a vantagem competitiva. 

Compreender a diferença entre um incidente de segurança e uma crise causada por um incidente de segurança é crucial para implementar estratégias eficazes de gestão de risco e resposta.

Apesar de existirem medidas de proteção robustas, é importante reconhecer que nenhum sistema é completamente impenetrável e que os incidentes de segurança são, em certa medida, prováveis ou mesmo inevitáveis. As ameaças estão em constante evolução e os atacantes estão a empregar técnicas cada vez mais sofisticadas para ultrapassar as defesas. Além disso, fatores como o erro humano, falhas de software ou dispositivos obsoletos podem dar origem a violações inadvertidas da segurança. Por conseguinte, mesmo que as organizações apliquem medidas preventivas e de deteção, devem adotar uma atitude proactiva e estar preparadas para responder eficazmente quando ocorre um incidente de segurança.

E os incidentes de segurança, como é sabido, podem ter consequências devastadoras, incluindo perda de dados, danos à reputação, multas legais e custos de recuperação significativos.

Neste contexto, compreender a diferença entre um incidente de segurança e uma crise causada por um incidente de segurança é crucial para implementar estratégias eficazes de gestão de risco e resposta.

Navegar em águas turbulentas: diferenciar a gestão de incidentes de segurança da gestão de crises

Enquanto um incidente de segurança pode muitas vezes ser resolvido com uma abordagem técnica estruturada, uma crise despoletada por um incidente deste tipo representa um cenário em que o funcionamento normal da organização é gravemente comprometido, com impactos significativos na sua reputação, operações e, em última análise, na sua sobrevivência. É fundamental que as organizações estejam preparadas para ambos os cenários e que disponham de planos de ação adequados para atenuar os riscos e minimizar as consequências.

Aprofundar e estruturar as diferenças entre os dois cenários:

FACTOR        INCIDENTE CRISE
Natureza do evento 

Refere-se a qualquer evento que comprometa a integridade, a confidencialidade ou a disponibilidade da informação, mas que não tenha causado um impacto significativo nas operações da organização.

Ocorre quando um incidente de segurança tem repercussões graves que afetam diretamente as operações da organização, a sua reputação e, possivelmente, a sua sobrevivência.
Impacto 

Podem ser tratados internamente pelas equipas de resposta a incidentes ou pelos departamentos de segurança da informação, sem necessidade de uma intervenção significativa a nível organizacional.

Normalmente, exigem uma resposta executiva e organizacional, que envolve a mobilização de recursos adicionais e decisões estratégicas para atenuar o impacto e restabelecer a normalidade operacional.

Duração e persistência 

Podem ser resolvidos de forma relativamente rápida, uma vez identificados e respondidos de forma adequada, com um tempo de recuperação relativamente curto.

Podem durar dias, semanas ou mesmo meses, especialmente se envolverem uma investigação exaustiva, a reparação de danos significativos e a reconstrução da confiança dos outros.

Reputação e confiança 

Pode afetar a confiança de terceiros e a reputação da organização, mas é possível atenuar estes impactos com uma resposta rápida e transparente

Pode ter efeitos duradouros na reputação e na confiança de terceiros, especialmente se a resposta da organização for considerada inadequada ou negligente. A recuperação da confiança perdida pode exigir um esforço considerável e prolongado.

 

A compreensão destas diferenças entre os dois cenários permite às organizações:

  • Implementar estratégias de resposta adequadas: Um incidente requer uma abordagem técnica para conter os danos e restaurar os sistemas. Uma crise exige uma resposta mais alargada, incluindo uma comunicação transparente, a gestão da perceção pública e a recuperação do impacto na reputação.
  • Otimizar a gestão dos recursos: A resposta a um incidente pode ser relativamente simples e exigir menos recursos. Uma crise, por outro lado, exige uma maior mobilização de recursos e a coordenação de diferentes equipas.
  •  Minimizar o impacto negativo: Uma resposta rápida e adequada a um incidente pode evitar que este se transforme numa crise.

Em suma, embora a gestão de incidentes e a gestão de crises estejam relacionadas, são dois processos distintos que exigem abordagens, ferramentas e estratégias diferentes. A chave para uma resposta eficaz é compreender as diferenças e ter planos pré-definidos para gerir ambos os tipos de situações.

Preparação: a responsabilidade irrenunciável da gestão

A responsabilidade da direção pela gestão da segurança da informação não se limita ao cumprimento da regulamentação ou à aplicação de medidas técnicas. Trata-se de um compromisso ativo e visível que deve permear toda a cultura organizacional. A direção deve assumir a liderança na criação de um ambiente em que a segurança seja uma prioridade para todos os colaboradores. A liderança da direção é fundamental para criar um ambiente seguro e de confiança onde a informação é protegida e a organização pode prosperar.

Ao definir uma estratégia de preparação para uma crise de segurança da informação, a direção deve ter em conta:

  • Compreensão do contexto: Compreender a importância estratégica da segurança da informação e os potenciais impactos que uma crise de segurança pode ter na organização, incluindo perdas financeiras, danos à reputação e possíveis consequências legais.
  • Afetação de recursos: Assegurar a afetação adequada de recursos financeiros, tecnológicos e humanos para estabelecer e manter programas sólidos de segurança da informação, bem como para desenvolver e executar planos de resposta a crises.
  • Definição de funções e responsabilidades: Assegurar que as funções e responsabilidades da própria administração, dos gestores da segurança da informação, das equipas de resposta a incidentes e de outros intervenientes relevantes durante uma crise de segurança estão claramente definidas.
  • Participação e apoio ativos: Participar ativamente na promoção de uma cultura de segurança em toda a organização, apoiando os esforços de sensibilização e formação e comunicando a importância da segurança da informação a todos os níveis.
  • Avaliação dos riscos e planeamento estratégico: Monitorizar e rever regularmente as avaliações dos riscos de segurança da informação para identificar novas ameaças e vulnerabilidades e ajustar a estratégia de segurança em conformidade, no âmbito do planeamento estratégico da organização.
  • Desenvolvimento das capacidades de resposta: Investir no desenvolvimento de capacidades de resposta a incidentes, incluindo a realização de exercícios de simulação de crise e a formação de equipas de resposta para garantir uma resposta rápida e eficaz em caso de crise de segurança.
  • Estabelecimento de canais de comunicação: Criar e manter canais de comunicação eficazes e bidirecionais entre a administração, os gestores de segurança da informação, as equipas de resposta a incidentes e outras partes interessadas para facilitar uma resposta coordenada durante uma crise de segurança.
  • Revisão e melhoria contínuas: Efetuar revisões periódicas da estratégia de segurança da informação e dos planos de resposta a incidentes e crises, identificando áreas de melhoria e assegurando que a organização está preparada para enfrentar os desafios emergentes no panorama da segurança.
  • Backup e continuidade das atividades: Promover a implementação de medidas de cópia de segurança dos dados e de planos de continuidade das atividades (para além dos planos de recuperação tecnológica) para garantir a rápida recuperação dos processos críticos e a continuidade das operações comerciais em caso de crise.
  • Compromisso com a resiliência organizacional: Promover uma mentalidade de resiliência organizacional, reconhecendo que podem ocorrer crises de segurança da informação e preparando a organização para responder eficazmente, recuperar e aprender com a experiência para reforçar ainda mais a sua postura de segurança no futuro.

Reconhecer e voltar-se para quem sabe

A importância de ter fornecedores especializados para a definição da estratégia de gestão de crises e o seu envolvimento na execução de planos quando ocorre uma crise de segurança da informação não pode ser subestimada. Num ambiente digital cada vez mais complexo e ameaçador, dispor do conhecimento especializado e da experiência de profissionais qualificados pode fazer a diferença entre uma resposta eficaz e um potencial desastre.

o envolvimento da IZERTIS pode ser inestimável para ajudar a organização a coordenar a resposta, gerir a situação de forma eficaz e minimizar os danos

A IZERTIS, especializada em segurança da informação, não só tem um conhecimento profundo das ameaças mais recentes e das melhores práticas de segurança, como também tem acesso a tecnologias avançadas e ferramentas especializadas que podem ajudar a identificar, mitigar e recuperar de incidentes de segurança de forma mais rápida e eficiente.

Ao confiarem na IZERTIS para a definição da estratégia de gestão de crises, as organizações podem beneficiar dos nossos conhecimentos especializados e da nossa perspetiva externa, que podem ajudar a identificar potenciais lacunas na postura de segurança existente e a desenvolver planos de resposta robustos, adaptados às necessidades específicas da organização.

Além disso, durante uma crise de segurança da informação, o envolvimento da IZERTIS pode ser inestimável para ajudar a organização a coordenar a resposta, gerir a situação de forma eficaz e minimizar os danos. Podemos fornecer aconselhamento e orientação em tempo real, ajudar na recuperação de dados e sistemas, e colaborar com as autoridades relevantes para investigar o incidente e mitigar riscos futuros.