Incidentes: do plano ao processo
As organizações dependem de serviços e sistemas para gerir as suas operações e a segurança tornou-se uma prioridade. A evolução das ciberameaças exige a capacidade de responder rápida e eficazmente a qualquer incidente que afete os dados ou a infraestrutura.
No entanto, muitas destas organizações baseiam-se em procedimentos reativos e fragmentados de gestão, aumentando a probabilidade de danos graves e prolongados e, inevitavelmente, a necessidade de transformar estes procedimentos num processo abrangente de prevenção, gestão e resposta.
De procedimentos reativos a processos abrangentes
Um processo abrangente de gestão de incidentes caracteriza-se pela sua abordagem proactiva e sistemática
Tradicionalmente, as organizações seguem uma abordagem reativa à gestão de incidentes, ou seja, respondem aos problemas quando eles ocorrem. Esta abordagem, embora possa ser eficaz para incidentes menores ou isolados, é insuficiente face a ataques mais sofisticados e direcionados. Um procedimento reativo tende a centrar-se exclusivamente na resolução do incidente, sem analisar exaustivamente as suas causas ou implementar medidas preventivas adequadas para evitar a sua recorrência.
Um processo abrangente de gestão de incidentes caracteriza-se pela sua abordagem proativa e sistemática. Este processo é derivado da metodologia PDCA (Plan-Do-Check-Act) aplicada à gestão de incidentes e fornece um quadro cíclico para melhorar continuamente a capacidade de resposta. “Planear” envolve o desenvolvimento de estratégias e procedimentos para antecipar e prevenir incidentes. “Fazer” refere-se à aplicação dessas medidas e à gestão ativa quando ocorre um incidente. “Verificar” envolve a análise do resultado das ações tomadas, avaliando a sua eficácia. Por fim, ao “Agir”, são aplicadas melhorias com base na análise anterior, ajustando os procedimentos para prevenir futuros incidentes e otimizar a resposta da organização.
Elementos essenciais do processo de gestão de incidentes
Transformar a gestão de incidentes num processo formal reforça a segurança
Um processo eficaz de gestão de incidentes requer uma série de elementos-chave que permitem às organizações serem proativas e responderem eficazmente a qualquer ameaça. Estes elementos garantem que a resposta a incidentes não é apenas rápida, mas também bem estruturada e continuamente melhorada. Os principais aspectos do processo serão:
- Uma equipa especializada: Composta por peritos em cibersegurança, com competências técnicas para identificar e mitigar incidentes, e conhecimentos nas áreas legais e de comunicação para gerir a resposta de forma abrangente.
- Procedimentos eficazes e eficientes: concebidos para cumprir os seus objetivos de forma eficaz e eficiente. Devem não só ser capazes de conter e mitigar os incidentes de forma eficaz, mas também otimizar a utilização dos recursos, evitando esforços desnecessários ou duplicados.
- Formação das pessoas envolvidas: é crucial que todas as pessoas envolvidas na resposta a incidentes recebam formação adequada e contínua.
- Ciberinteligência: fornece informações sobre tendências, agentes maliciosos e novas ameaças emergentes.
- Conhecer o inimigo: é vital para a organização conhecer os potenciais agentes maliciosos que podem ameaçar a sua segurança. Compreender quem é o inimigo, as suas táticas e os seus objetivos permite-lhe antecipar os seus movimentos e desenvolver defesas mais robustas e direcionadas para mitigar os riscos.
- Testes e simulações: os testes regulares e as simulações de incidentes são essenciais para avaliar a eficácia do plano de resposta. Permitem identificar os pontos fracos dos procedimentos, melhorar a coordenação entre as equipas e garantir que o pessoal esteja preparado para agir.
- Critérios de melhoria contínua: tal como acontece com outros processos críticos, a gestão de incidentes deve ser objeto de melhoria contínua: analisar cada incidente resolvido, identificar áreas de melhoria, ajustar os procedimentos existentes e atualizar a formação da equipa.
O crescente panorama de ameaças obriga as empresas a abandonarem os procedimentos reativos de gestão de incidentes para adotarem uma abordagem abrangente e proativa. Fazer da gestão de incidentes um processo formal fortalece a segurança global da organização.